“[...] Aurora, uma das netas
mais velhas da liberta Francisca Xavier seguiu ainda adolescente, nos anos
1940, uma prima que já trabalhava no serviço doméstico no Rio de Janeiro. Antes
disto, Ormindo, irmão mais velho de Izaquiel, tinha seguido para o cinturão
rural de Nova Iguaçu, a convite de um primo, para plantações de laranja na
encosta dos morros e com acesso mais fácil aos mercados da cidade. Nos anos
1930, também por motivos bastante fortes, seu Cornélio foge para ser aprendiz
de padeiro, a primeira dentre uma série de ocupações urbanas, em Juiz de Fora.”
(p. 182)
“[...] Dona Nininha,
entrevistada em 1994, se disse neta da escrava Tibúrcia, e filha caçula de D.
Clotilde. Vivia em Paraíba do Sul quando gravou histórias sobre sua avó e sua
mãe. Dentre as recordações da mãe, que faleceu em 1993, aos 94 anos, está uma
frase que ela, ao que parece, gostava de repetir para justificar diversas
atitudes. “Minha mãe foi escrava, eu não sou.E mamãe falava, vamos embora”. Em
alguns lugares, os irmãos de dona Nininha eram colocados para impedir que os
passarinhos comessem a plantação de arroz, sob ameaça de surras. Segundo D.
Nininha o proprietário “prometia bater, mas não me lembro se batia não. Isso
não me lembro. Minha mãe falava assim ‘no dia em que bater no meu filho, a
gente vai embora’”. Isto não impedia que a própria D. Clotilde batesse. Ela
podia, mas mais ninguém. (p. 190).
Referência:
RIOS, Ana Maria; MATTOS,
Hebe Maria. O pós-abolição como problema histórico: balanços e perspectivas.
Disponível em: http://www.revistatopoi.org/numeros_anteriores/Topoi08/topoi8a5.pdf.
Acesso em: 13/03/2014
1.
Segundo os textos lidos, como os ex-escravos lidaram com a necessidade de
trabalho no momento logo após a abolição? Que oportunidades lhes foram
oferecidas?
2.
Quanto à análise dos textos, qual a importância de considerarmos os “anônimos”
da História, para a nosso conhecimento histórico?
3.
Você acha que podemos denominar os ex-escravos, no contexto estudado, como
“novos cidadãos”? Explique a sua resposta.
4.
Como os proprietários de terras ainda conseguiram, de alguma maneira, submeter
aqueles, que agora eram seus empregados?
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