Não
apenas nas questões que envolvem o trabalho a vida dos ex-escravos foi
modificada, mas também no que diz respeito à estrutura familiar. Com o fim da
escravidão cresce o número de pessoas com interesse em regulamentar a sua
situação e a de seus familiares perante os cartórios, o que demonstra que mesmo
enquanto escravos essas pessoas possuíam toda uma vivência familiar.
Como
demonstrado no trabalho de Ana Maria Rios e Hebe Maria Mattos intitulado “O
Pós-Abolição como Problema Histórico: Balanços e Perspectivas” onde no capítulo
que trata sobre casamento e família elas reuniram informações como prova disso,
a exemplo do município de Cebolas na Paraíba do Sul (RJ), onde em 1889, um ano
após a abolição da escravatura mostra o enorme número de casamentos e registros
de crianças pretas ou pardas, resultado da formação dessa nova estrutura
familiar composta pelos ex-escravos.
Neste
mesmo trabalho, foi usada como fonte uma declaração de óbito requerida pelo pai
da criança. O registro exigia local de nascimento da criança, identidade,
filiação e causa da morte, mas José, pai da criança, foi além, não apenas
reconheceu ali a sua paternidade, como também sua relação com a mãe da criança,
os outros filhos que ele tinha até o momento, suas idades e o desejo de
casar-se. Informações estas que não eram requeridas pelo cartório, mas José e o
escrivão acharam importante que constassem no documento.
Cartório
de Inconfidência, (segundo distrito de Paraíba do Sul, Rio de Janeiro),
registro de óbitos, Livro 1, termo 44.
Baseado
nas informações acima reflita sobre o conceito de família e suas transformações
com o fim da escravidão no Brasil. Por que era importante para as pessoas que
saíam da condição de escravidão a constituição de uma família?
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